quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O APOIO INCONSEQUENTE À PM: ATÉ ONDE VÃO AS INTRIGAS INSTITUCIONAIS?

Fico impressionado em ver algumas pessoas e inclusive partidos políticos de esquerda apoiando a Polícia Militar da Bahia. Algumas coisas são estrondosas e deve-se, por isso, fazer uma leitura sobre a realidade da esquerda eleitoral. Além da maleabilidade burguesa necessária dum partido para firmar sua legenda eleitoral - o que perde tempo, dinheiro e mobilização que poderiam estar centradas à verdadeira luta popular, ou seja, do povo, enquanto povo e para o povo distante das instâncias do Estado -, algumas atitudes e posturas evidenciam que as organizações de legenda querem a qualquer custo atacar as outras siglas, o que às vezes até fere os princípios socialistas mais puros.

Levanto, então, 5 pontos de minha crítica à esse ataque inconsequente de partidos políticos de esquerda à sigla eleita no estado da Bahia - no caso o PT -.

1 - Polícia militar não é classe trabalhadora, é o braço armado do Estado que tem como função desmobilizá-la e reprimi-la (a classe trabalhadora);

2 - a Polícia Militar foi criada exclusivamente para manutenção do poder, da exploração e da repressão do povo, como um aparato repressivo físico do Estado, o qual foi fundado para os mesmos fins;

3 - Jamais podemos, nós, trabalhadores de esquerda, revolucionários ou até mesmo reformistas, atribuir esse movimento da PM da Bahia como "GREVE". Devemos, antes de tudo, compreender que essa expressão, GREVE, carrega uma história que atravessa séculos de luta direta de nossa classe contra a classe dos exploradores, onde a PM se enquadra. É, portanto, uma falta de respeito com a memória de bravos e heróicos trabalhadores lutadores que enfrentaram o patrão, o Estado (representado na maioria das oportunidades pela polícia militar) e as chantagens econômicas para conquistarem os direitos que gozamos hoje;

4 - Essa paralisação da PM-BA não tem nenhuma consciência de classe, é puramente econômica, alheia a qualquer objeção social. Quando voltarem, com suas reivindicações conquistadas ou não, voltarão a sitiar as favelas, a reprimir as periferias, a bater em verdadeiros trabalhadores grevistas, a criminalizar a pobreza etc;

5 - Não é muito coerente fazer uma ampla campanha "Fora PM da USP", em solidariedade ao combativo movimento uspiano, e logo depois vir apoiar uma dita greve da PM. Quer dizer que, reivindicam fora PM da USP e, noutra ocasião, dignidade à PM da Bahia? Quer dizer que a polícia militar deve estar fora somente das universidades, enquanto na sociedade ela deve ser legitimada e até apoiada?

Defender polícia militar, que nos bate, nos tortura e nos massacra diariamente é muito, mas muito complicado, pra não falar hipocrisia, e isso deixa de algum modo clara nossas críticas à institucionalização dos partidos.

Por isso, devemos ter, se nos chamamos de socialistas, compreensão do que falamos ou das atitudes que tomamos. Nós anarquistas somos socialistas anarquistas justamente porque consideramos que o Estado freia nossa luta e nossa revolução em diversos aspectos, tanto no período revolucionário, quando ele deve ser eliminado para não eliminar a revolução com seu engordo, quanto no período em que vivemos, quando os partidos, uma vez que usufruem de suas eleições burguesas, se articulam para travar guerras pitorescas e denuncistas com os demais partidos. Sigla por sigla, polícia por polícia, Estado por Estado, todos devem sucumbir de acordo com o urgir do povo, imensamente maior que qualquer problematização burguesa e igualmente mais forte quando organizado por ele mesmo.

2 comentários:

  1. Concordo que o apoio à greve dos militares é algo inconsequente, mas não podemos deixar de denunciar o modo como eles estão sendo tratados, onde o governo federal mandou o exército para reprimir os policiais "grevistas" e prendê-los. Isso, juntamente com as ações tomadas nas favelas cariocas, mostra uma tendência do Estado de usar do exército para punir, não só os policias, mas a população que reivindica seus direitos, se manifesta e etc., principalmente nos momentos em que a polícia se negar ou não conseguir frear a população.
    Além disso, devemos usar desta situação para propor um outro sistema de segurança, o qual eu reconheço como ideal, a construção de milícias eleitas e constituídas pela própria comunidade, pois só esta tem interesse na sua segurança.

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  2. Então, vamos às questões.

    "onde o governo federal mandou o exército para reprimir os policiais "grevistas" e prendê-los"

    O que eu posso dizer sobre isso são duas coisas: primeiro, num aspecto de mobilização popular, o governo federal é caracterizado por uma política de destruição de mobilizações populares, tanto ideologicamente, cooptando os maiores movimentos sociais do Brasil, quanto fisicamente, o que já é de praxe dos demais governos. Então a PM, mesmo não sendo uma mobilização popular mas enquanto mobilização, tá sofrendo essa política neoliberal do governo federal Dilma/PT; Segundo, a PM agora tá sentindo um pouco na pele o que sempre fez na história. Não quero revidar nada, compreendo que revidar um ato bruto e desumano não implica em conquistar a justiça, pelo contrário, só fortalece as injustiças sociais. O necessário seria, como você mesmo falou, "propor um outro sistema de segurança", mas vou ser sincero, ver a PM sofrendo do que ela ama fazer é até interessante...

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