sábado, 5 de janeiro de 2013

Protesto Pacífico, Violento e Radical


A grande mídia, os grandes veículos de comunicação - os quais todos sabemos a quem estão a serviço -, insistem em disseminar uma ideia de que, em uma democracia, o povo não só pode como deve - sim, eles dizem isso! - lutar por seus direitos. Mas pensemos: o que está oculto nessa afirmação, que, a princípio, viola os interesses daquilo que defende e se realiza? Basta percebemos a sutileza com que dizem: primeiro que não propagam tais instruções como propagam todas as mazelas do capitalismo, do consumo e da defesa do status quo e do modus operandi do sistema; segundo que, a ideia que a grande mídia faz questão de passar em todos os seus canais, por todos os seus veículos, vem impregnada com uma mensagem "pacífica" num eventual sentido de defesa da "democracia", do "bem estar social" e da "responsabilidade cívica de todo cidadão que tem o seu direito de protestar, mas que não deve causar supostos 'danos' à ordem e à sociedade".

Essas maravilhosas máximas, numa leitura superficial, ocultam uma visão que, na realidade, se choca brutalmente contra o que deveria estar defendendo: "o direito de lutar por seus direitos". A face oculta dessa afirmação com essa ideia de "movimento pacífico" se apresenta, quando investigada e enfim compreendida, como mais uma ferramenta de dominação e bestialização popular, além de ferir toda a tradição de luta do povo explorado. Essa determinação de que o protesto democrático - democracia, como é lindo proferir e dizer que se defende tal maravilha! - há de ser o pacífico tem por trás a intenção de propagar e defender a disciplina, o controle, a ordem, de modo que a luta não seja, de maneira nenhuma, ameaçadora, ofensiva, ao poder instituído que defendem e que estão a serviço.

O mais triste nesta história é que muitos da própria esquerda caem nessa balela, de defender movimentos e manifestações pacíficas, quando na realidade tinham chances concretas de se radicalizarem e causarem temor e receio às partes dominantes, inimigas naturais de quaisquer reivindicação de caráter popular. Esse conceito de movimento pacífico, inclusive, garante aos veículos de comunicação a estratégia midiática de deslegitimar qualquer que seja o movimento radical, agora atribuído, de acordo com as pré-investidas da mídia golpista, como "violento".

Ah, "mas a violência não deve ser admitida, a violência retira a razão daqueles que a praticarem!" Tão estratégicos, tão repugnantes os criadores do pensamento massificado! A partir daí temos a desmoralização e também criminalização dos movimentos que ousam realmente abalar as estruturas estatais e do capital, através da ação-direta, de boicotes, de sabotagens, como também de, caso necessário, de confronto direto com as forças repressivas do Estado. Como podem insinuar que tais camaradas, dispostos com pedras, paus e no máximo molotovs, são violentos, tendo em vista que existe todo um aparato repressivo estruturado para recebê-los nos parlamentos, nos bancos, onde quer que se proponham a protestar, com todo seu armamento pesado, bombas de gás lacrimogêneo, escopetas, cassetetes, escudos, capacetes, coturnos, carros, vãs, cavalaria, cachorros, camburões, blindados, tanques e helicópteros? Estes são defensores do bem estar social, os lutadores dos direitos do povo são os violentos.

Essa é a prática mais comum da criminalização dos movimentos sociais, e a esquerda jamais há de repercutir leituras equivocadas, para não dizer insolentes e hipócritas, que a direita nos oferece com suas máscaras e maquiagens para alcançarem o máximo de manipulação, desinformação e generalização.

Um comentário:

  1. Que bom poder saber que ainda existem pessoas que enxergam nessa densa neblina!

    Parabéns pela verdadeira colocação!

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