Boletim do Núcleo de Pesquisa Marques da Costa - Ano 2 - Nº 5 - Novembro de 2006
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Emma Neri e Nello Garavini, no Uruguai. |
Nos primeiros tempos, foram apoiados pelo tio de Nello, Antonio Garavini, um anarco-individualista que vivia no Rio desde a virada do século. Nello trabalhou como camareiro no Hotel Glória e Emma como professora. Em 1928 e 1929, Nello atuou no Centro Cosmopolita, onde o embate entre anarquistas e bolchevistas era intenso. Na Liga Anticlerical, conheceram seu fundador, José Oiticica, e lá passaram a manter contato permanente com os anarquistas e anti-fascistas locais, muitos desses italianos exilados. No segundo semestre de 1932, foi realizada na Liga uma emocionante homenagem a Errico Malatesta, morto em 22 de julho daquele ano, a quem Nello havia conhecido e tinha como maior referência política.
Em 1933, os Garavini abriram na Praça Tiradentes, ao lado da entrada do teatro Carlos Gomes (rua Dom Pedro I, número 2), a "Minha Livraria", um espaço que serviu até 1942 como ponto de encontro e de acaloradas discussões dos anarquistas e anti-fascistas. Em 1935, no rastro repressivo da "Intentona Comunista", a Liga Anticlerical foi fechada e a livraria posta sob permanente observação pela polícia carioca. Com a eclosão da guerra na Espanha, em 1936, mesmo com o incremento da repressão, os frequentadores da "Minha Livraria" buscaram reunir voluntários para lutar na guerra. Libero Battistelli, um grande anti-fascista e o melhor amigo dos Garavini, seguiu para a Espanha e veio a morrer no ano seguinte combatendo na frente de Huesca. Mesmo durante os mais negros anos do Estado Novo varguista, a livraria resistiu bravamente, sempre sob os ataques da polícia e as provocações dos fascistas locais.
Com o fim da grande guerra, os Garavini, resolveram tetornar à Itália, o que fizeram entre 1946 e 1947. Fixaram residência na cidade natal de Nello, Castel Bolognese, onde passaram a atuar no grupo anarquista local e aderiram à Federação Anarquista Italiana (FAI). Em 1973, os Garavini e outros companheiros fundaram a Casa Armando Borghi, sede dos grupos anarquistas e de uma biblioteca libertária. Ainda hoje, Giordana Garavini, com 83 anos, participa da gestão deste espaço libertário.
Renato Ramos
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